22.7.07

O BARROCO


Quando queremos falar de figuras históricas, é conveniente procurarmos saber mais sobre a época em que viveram. É necessário termos em mente a íntima ligação entre os acontecimentos e as mentalidades dominantes, criadas, captadas, desenvolvidas e transmitidas por filósofos, escritores e artistas (pintores, escultores, músicos,...).

Para falarmos de Johann Sebastian Bach (músico) temos de falar do Barroco.

Vamos ver se consigo transmitir-vos algumas noções importantes que caracterizam este período.

Impõe-se uma primeira pergunta: De onde provém a palavra Barroco? Woher kommt das Wort Barock?

O termo Barroco advém da palavra portuguesa homónima que significa algo irregular, torto, com excrescências, também "pérola imperfeita", ou por extensão jóia falsa.

Das Wort Barock kommt aus dem portugiesischen barocco und bedeutet wuchernd, unregelmäßig, schief.

Originalmente o termo era usado pejorativamente, como sinónimo de decadência. A partir do século XX, o Barroco passa, porém, a ser a designação de um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, que se segue ao Renascimento, ocorrido durante os séculos
XVI e XVII (Europa) e XVII e XVIII (América) entre 1580/1600 e 1770.

Ursprünglich bezeichnete man damit absonderliche und schwülstige Kunst. Seit dem 20. Jahrhundert wird Barock hingegen als Epochenbegriff für die der Renaissance folgenden Zeit zwischen 1600 und 1770 verwendet.

Pode dizer-se que o Barroco é o estilo da
Reforma católica também denominada de Contra-Reforma (movimento da Igreja Católica de reacção á contestação iniciada por Martinho Lutero).

Lembram-se de ouvir falar da Reforma de Lutero? Foi um movimento que começou no
século XVI com uma série de tentativas de reformar a Igreja Católica Romana e levou subsequentemente ao estabelecimento do Protestantismo. A Reforma redescobriu a importância de ser o próprio indivíduo a poder aproximar-se de Deus para obter o perdão e a sua salvação sem a intercessão de santos, a necessidade de penitências ou o pagamento de indulgências. A Reforma de Lutero lutava também pelo regresso a valores essenciais do cristianismo, vividos em simplicidade e austeridade.

O Barroco, segundo muitos historiadores, é o resultado de uma profunda crise social, económica e política, em pleno apogeu do absolutismo e da dita Contra-Reforma. Arquitectura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde floresceu o catolicismo: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.

Contrariamente à arte do
Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos e a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas. Daí que a Igreja se tenha convertido numa espécie de espaço cénico onde eram encenados os dramas.

A pintura exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) e assistia-se a uma retomada do espírito religioso e místico da
Idade Média, mas a grande diferença relativamente ao período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem o seu valor deixando de colocar tudo nas mãos de Deus. São prova disto os avanços científicos da época cujos principais responsáveis foram Johannes Kepler, Gottfried Wilhelm Leibniz, René Descartes und Isaac Newton.(Decerto já ouviram falar deles.)

A época barroca é, assim, marcada por uma constante dualidade: por um lado o absolutismo como forma de soberania profana (lembrem-se do Luís XIV: L’état c’est moi! O rei, com a graça divina, tinha um poder ilimitado sobre todos os outros poderes.) e por outro a Igreja guardiã da eternidade e do além. Este dualismo estava presente no quotidiano, na arte, na música. A vida e a morte, a alegria perante o mundo material e a nostalgia do além, o prazer dos sentidos e o êxtase religioso, o iluminismo (em que predomina o racional) e a vivência mística constituíam pólos contrários, mas coexistentes.

Die Barockzeit wird vor allem von zwei gegensätzlichen Polen bestimmt: dem Absolutismus als weltliche Herrschaftsform und der Kirche als Statthalter von Ewigkeit und Jenseits. Dieser Dualismus setzt sich im Alltag, in der Kunst und der Musik fort: Leben und Tod, Diesseitsfreude und Jenseitssehnsucht, Genuss und religiöse Ekstase, Aufklärung und mystische Innerlichkeit. In der Barockzeit werden erste Versuche unternommen, die Welt mathematisch zu erklären. Die wichtigsten Schöpfer eines modernen Weltbildes sind
Johannes Kepler, Gottfried Wilhelm Leibniz, René Descartes und Isaac Newton.

O Barroco, período de dualidades caracteriza-se, portanto, por um eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período.E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos.

A necessidade de surpreender e atrair o espectador para a obra de arte faz com que haja grandes alterações de concepções. Por exemplo na arquitectura, os edifícios transformam-se em grandes cenários, dotados de muitas varandas, amplas escadarias, tribunas e balaustradas que, juntamente com as ruas e as praças dão às cidades o ar aparatoso de um espectáculo. As fachadas perdem a rigidez e a simplicidade do período anterior. Enchem-se de movimento, de formas curvas.
Ora vejam exemplos:

Fachada da Igreja da Madalena, Falperra, Braga

O Êxtase de Santa Teresa (1645-1652) de Lorenzo Bernini. Roma. Igreja de Santa Maria della Vittoria

Escadaria do Palácio Residencial de Wuzburg

Na escultura e na pintura, reforçam-se o movimento das personagens e os gestos dramáticos. Os cenários tornam-se mais reais com o auxílio da perspectiva e a utilização correcta da luz (claro-escuro). A figura humana deixa de estar no centro das pinturas. Surgem as naturezas mortas.
Em relação à música, o período barroco é uma das épocas musicais mais longas, fecundas, revolucionárias e influentes da música ocidental, que não é coincidente cronologicamente com o das outras belas-artes. Existe uma classificação que o divide em três fases: o primitivo, o médio/alto e o tardio. É neste último período que se situam Bach e Händel, duas personalidades musicais excepcionais que constituem o culminar e a síntese desta época.
Acham que vale a pena continuar? Se puderem, vão dialogando comigo. Para a próxima é que falamos do Bach, está bem?
Até breve
Beijos

14.7.07

Hoje, ainda não me é possível concretizar o que prometi...começar a falar de alguns compositores alemães dos séc.s XVIII e XIX. Ultimamente, não tenho tido tempo de vir ao blogue, porque os professores, ao contrário do que muitos pensam, não estão de férias depois das aulas acabarem...o trabalho tem sido muito...

Porém deixo-vos aqui já o retrato do primeiro compositor que vai ser aquoi referido.

Certamente já ouviram falar de Johann Sebastian Bach e também do Barroco, talvez em História, não?

Este retrato de Bach foi pintado por Johann Jacob Ihie e diz-se que ele representa com realismo o homem bondoso, mas de carácter firme e enérgico que ele foi.

Bom, isto é só para vos dizer que não me esqueci de vós. Vão dando notícias. Um beijo para todas e até breve.

6.7.07

Um pouco mais de cultura geral não faz mal...

Obrigada pelas vossas lindas palavras que muito me sensibilizaram.

Neste período de férias, espero que continuem a dar uma espreitadela ao nosso blogue.

Pensei dar-vos alguma informação cultural sobre uma matéria com que talvez não estejam muito familiarizadas: GRANDES COMPOSITORES DE LÍNGUA ALEMÃ -Séc.s XVIII e XIX.

Em tempos, no âmbito da disciplina de Alemão, organizei, com algumas alunas do curso nocturno, uma exposição, um colóquio e um sarau subordinados ao tema acima referido....e felizmente foi um sucesso. Conseguimos despertar o interesse de alunos mais novos, cujas opiniões foram a nossa maior recompensa, tendo em conta que estes temas são, geralmente, para eles, demasiado sérios e “uma autêntica seca”.

Mas garanto-vos que quando começamos a conhecer a vida de cada um destes compositores, ficamos agarrados pelas histórias tão humanas, cheias de amores e desamores, de alegrias e tragédias, de sucessos e fracassos...e nunca mais os esquecemos. Vemos também como a música é a expressão dos acontecimentos, das emoções, dos sentimentos, das motivações que constituíram a vida de cada um.
E os retratos? Também nos revelam muito, apesar de nem sempre serem muito fiéis ao original. Olhem só para este 'borracho'...não o acham bonito? As senhoras da época adoravam-no. Imaginam de quem se trata...


Espero contribuir para aumentar a vossa cultura geral e a minha... Vou tentar não ser “chata”. Prometem que lêem? E que ouvem...porque tenciono colocar uma peça musical correspondente a cada um dos compositores apresentados. Se gostarem, não deixem de ouvir mais...

Até breve.Bom trabalho / bom descanso!